Autor: Luísa Ducla Soares
Ilustrador: Assunção Melo
Editora: Civilização
Era uma vez um rapaz que estava habituado a viver no campo, a semear e plantar couves e manjericos.
Um dia foi chamado para ir para a guerra. Vestiu-se a rigor e pôs a mochila às costas e a espingarda ao ombro.
O Soldado João era a vergonha dos batalhões, com uma flor ao peito, não acertava o passo, e assobiava ou cantava modinhas da sua aldeia.
Todos os dias ralhavam com ele mas ele continuava a marchar desengonçado como se fosse à feira.
Quando chegou a guerra, em vez de apontar a espingardar, foi cumprimentar o inimigo! Eles eram muitos e por isso demorou muito tempo.
O general zangou-se e pô-lo a corneteiro. Mas mais uma vez, ele fez asneira: pegou na corneta e começou a tocar o fandango e pôs os tropas todos a dançar.
O sargento zangado tirou-lhe a corneta e pô-lo a cozinheiro para não empatar mais a guerra.
Mal chegou à cozinha preparou um café e foi dá-lo aos soldados, tirou-lhes os capacetes para servir de malga, deu café aos amigos e inimigos.
Tiraram a panela ao Soldado João e enrolaram-no numa bandeira da cruz vermelha e foi para enfermeiro militar. Ele foi logo procurar os feridos e tratava deles todos, quer fossem amigos ou inimigos. Até tirou as botas a dois generais inimigos para lhe tratar dos calos.
E o incrível aconteceu: os dois generais levantaram-se ao mesmo tempo e condecoraram o soldado João com duas medalhas de ouro. Os generais apertaram as mãos, acabaram com a guerra e partiram em paz.
E o soldado João voltou para a sua aldeia onde sacha, rega e semeia couves e manjericos.
Marta Silva