Na última semana estivemos a recolher e a trabalhar algumas lendas da nossa terra.
Ora, como quem conta um conto acrescenta um ponto, encontrámos diferentes versões da mesma lenda!!
Aqui ficam os nossos trabalhos:
A Ilha dos Amores
Há muitos, muitos anos viveu um jovem lavrador que se perdeu de amores por uma linda jovem, muito rica e formosa. Como era normal, os pais da jovem não aceitavam que o rapaz pobre namorasse com ela, nem tão pouco que se aproximasse dela, apesar dos pedidos da filha que também gostava muito do jovem lavrador.
Impedidos de se falarem, viviam os dois jovens muito tristes e não faziam outra coisa se não chorar a sua tristeza.
Um dia, apareceu um nobre fidalgo da Cardia a pretender a mão da linda menina em casamento. Ao saber de tal notícia, a menina ficou ainda mais chorosa, pois para além de não gostar do referido nobre da Cardia, não deixava de pensar no seu jovem lavrador que tanto amava.
O jovem lavrador, ao saber também do interesse do fidalgo, ficou triste, muito triste, pois sabia que ia perder para sempre a sua amada.
Um belo dia, viu o tal fidalgo da Cardia a passear sozinho junto ao rio, correu para ele e com um punhal ceifou-lhe a vida, lançando seguidamente o corpo ao rio que rapidamente o engoliu para nunca mais ser visto.
Medroso, o jovem lavrador foi esconder-se na ilha onde passou muito tempo. De dia para dia, estava cada vez mais triste por não poder ver a sua linda amada, pois não podia sair da ilha, ou seria descoberto e teria de pagar pelo crime que cometeu.
Mas um dia, a sua solidão e o desejo de rever a sua jovem amada foram mais fortes do que ele. Ganhou coragem, saiu da ilha e foi procurá-la. Encontrou-a triste a fazer renda num banco do jardim. Depois de muito insistir, o lavrador conseguiu convencê-la a ir consigo, fugindo os dois em direção à ilha.
Quando iam a meio do rio, de repente e sem ninguém contar, levantou-se uma enorme tempestade. O barquito em que seguiam era tão frágil que depressa foi engolido pelas águas do rio e com ele desapareceram também os dois jovens apaixonados.
Contam que foi o espírito do nobre fidalgo da Cardia que provocou tamanha tempestade e assim se vingou do jovem lavrador que o tinha assassinado.
Sara
O Poço Negro
Reza a lenda, que no fundo do maior poço do rio Paiva, o Poço Negro, existe uma grade e dois bezerros em ouro.
Outrora existiu um habitante local, que conseguiu retirar das águas o tesouro e, com grande esforço, levou-o para cima do monte. Parou para descansar e adormeceu. Quando acordou o tesouro tinha desaparecido, levado por uma Moura encantada, guardiã do tesouro, que o levou de novo para as profundezas do rio.
Ainda hoje, muita gente acredita que o tesouro permanece no mesmo sítio e que é visível em dias de muita luz, mas ninguém arrisca recuperá-lo com meio de ficar cativo da Moura encantada, que alguns juram terem visto sobre o penedo do Poço Negro ou ouvido os seus lamentos.
Dizem também os mais antigos que existem ligados a esse poço, dois túneis. Num deles existe uma grande quantidade de gás letal que matara quem ousar lá entrar. No outro, há uma imensa riqueza lá depositada pelos Mouros que outrora viveram nesta região.
Muita gente, segundo dizem, desejava apoderar-se de tal riqueza, mas com medo de entrar no túnel errado e lá ficar para sempre, não ousam arriscar as suas vidas.
Assim o tesouro permanece ainda no mesmo lugar onde os Mouros o esconderam.
Manel
Poço Negro
É o caso de um moço cristão que se apaixonou por uma jovem moura de nome Artemigia, que também correspondia dos seus amores.
Esse moço, diz a lenda, resolveu atravessar o rio para ir ao acampamento dos moiros com o fim de raptar a donzela. A família cristã não queria que ele tivesse ligações com a moira e tentou convencê-lo a não ir. Mas ele não obedeceu e resolveu atravessar o rio a nado.
Mas com tanta infelicidade, acabou por morrer afogado. A moura chorou a sua sorte e vestiu-se de luto.
Desde então, o local passou a ser conhecido por Poço Negro.
Fabiana
O Poço Negro
Dizem os antigos que o poço negro é um poço muito, muito fundo que ainda ninguém chegou ao fundo. Dizem que no fundo do poço existe uma grade em ouro mas as pessoas que tentaram lá chegar morreram todas.
O Poço Negro é muito feio, muito fundo, muito perigoso, muito assustador e muito negro.
Maria Ângela
Marmoiral
Há muitos anos vivia no Paço de Gondim, um descendente dos Bulhões, de nome Martim. Era ainda bastante jovem quando se apaixonou por Maria Teresa Taveira, conhecida por Maria, uma bonita donzela que vivia com seu pai, D. Gil, no castelo da Torre, nos montes de Vegide.
D. Gil quis que D. Martim fosse à guerra antes de casar com a sua filha. O moço, que era destemido e aventureiro, aceitou a proposta e começou com os preparativos para a festa, pois antes de partir queria ser armado cavaleiro. E foi D. Maria quem, cumprindo a praxe, lhe calçou a espora de ouro, enquanto D. Gil lhe afivelou a espada. Finda a festa, D. Martim seguiu para Lisboa, onde ia ajudar o rei D. Sancho I a conquistar Silves.
Mas D. Martim foi demasiado aventureiro e acabou sendo cativo dos Mouros.
Entretanto em Vegide, Dom Gil falecera e D. Maria ficara só. Dom Gil foi sepultado num jazigo aberto num penedo ao lado de sua esposa (hoje conhecido por Pia dos Mouros).
Quando chegou a Paiva a notícia que D. Martim tinha sido feito prisioneiro dos Mourros, Maria ficou muito receosa pois há algum tempo que vinha sendo perseguida por um senhor chamado D. Fafes. Este era um homem muito rico e cruel e como não gostava que Maria lhe resistisse decidiu tomá-la pela força, metendo-se assim a caminho de Vegide.
Mas aconteceu que o monge dos Paços de Gondim conseguiu negociar com os Mouros a liberdade de D. Martim.
Quando este voltou a Paiva, os dois rivais encontraram-se junto aos Portais da Boavista e aí travaram um renhido combate, do qual D. Martim saiu vitorioso. Em memória do derrotado, diz-se que D. Martim mandou construir o marmoiral onde estão gravadas as espadas.
D. Martim casou com D. Maria e tiveram um filho: Fernão de Bulhões, mais tarde conhecido como Santo António de Lisboa.
Outra lenda conta que esse marmoiral foi mandado construir porque D. Mafalda, a caminho do convento de Arouca, se sentou naquela pedra para descansar.
Outros dizem que foi no seu cortejo fúnebre, entre os Conventos de Alpendurada e de Arouca, poisaram os seus restos mortais naquele local.
Penedo do Carcajo
Uma das lendas mais divulgadas por estes sítios é aquela que se refere a um penedo situado no monte das Fontainhas, da freguesia de Fornos, com o nome Penedo do Carcajo.
Segundo a tradição popular, no meio de um enorme fenda existe uma moura encantada muito bela, com cabeça humana e corpo de peixe.
As pessoas evitam lá passar a certas horas da noite com medo de serem mortos pela moura.
João Pedro
O Penedo Cão
Onde hoje se ergue a casa do Outeiro em Sobrado de Paiva, houve em tempos um convento beneditino, cuja construção está envolvida por uma lenda. Na base desta lenda está um pedregulho branco muito grande que existiu no caminho de Fundões a que o povo chamava Penedo Cão (ainda hoje o lugar onde este se encontrava é assim conhecido).
Reza a lenda que esse penedo dantes era negro e que lá havia um tesouro guardado pelo diabo. Uma fórmula mágica abria o penedo, ficando assim à vista de todos o enorme tesouro. Mas se alguém o procurasse movido por simples cobiça, seria terrivelmente castigado e transformado em réptil, o que aconteceu muitas vezes. Por isso, todos tinham medo de ali passar.
Um dia, porém, surgiu, vindo da Palestina, D. Paio Peres, o Romeu que consigo trazia uma vasilha com água santa. Ao derramá-la sobre o penedo, este transformou-se numa enorme bola de vidro, partindo-se a meio. D. Paio retirou daí o tesouro e de imediato todos os répteis que habitavam no penedo voltaram à condição de humanos.
O penedo, que era negro, tornou-se branco, e com o tesouro construíram o mosteiro para S. Bento.
Cruz de Ancia
Na freguesia de Real, um tal D. Paio de Paiva estrangulou a sua esposa, Dona Mor do Porto Carreiro.
Foi um ato de vingança por ela o ter atraiçoado com um primo.
Este lugar passou a chamar-se Ancia que significa morte lenta, tal como D. Paio matou a sua esposa infiel.
Inês Regina
O Inferno
Abaixo do lugar do Castelo, numa curva do rio, encontra-se o Inferno . Local assustador , onde naufragavam os barcos que desciam o rio Douro.
Nesse ponto, segundo a crença popular, habitava o diabo numa fenda do enorme rochedo que aí existe.
Senhora das Amoras
Segundo a lenda, um rei mouro chamado Echa Martim, vindo de Arouca, entrou na região de Oliveira do Arda e atacou a localidade.
Fizeram-lhe frente, entre outros, um soldado chamado D. Nuno que era muito valente mas muito cruel. Que após ter conseguido derrotar o rei Mouro, o fez cativo.
Como recompensa, D. Nuno quis casar com a filha do rei Echa, mas pôs em causa a sua honra de donzela.
Esta ficou muito aflita, e apesar de não ser cristã, ajoelhou-se e pediu ajuda à Virgem que a ajudou fazendo um milagre. Como prova que zara não tinha perdido a sua honra, Nossa Senhora das Amoras transformou um tronco seco de um sobreiro num tronco coberto de amoras, desafio exigido pelo cruel D. Nuno.
Perante o milagre da Virgem, Zara e toda a sua família quiseram ser baptizados, convertendo-se ao Cristianismo.
Túmulo Sempre em Pé - Escamarão
(Nota: Apesar de Escamarão não pertencer ao concelho de Castelo de Paiva, há muitas lendas que unem estas duas terras, pois há muitos mistérios nas profundezas das águas do rio Paiva, que as liga e as separa)
Era uma vez um senhor muito rico que vivia em Escamarão. Era um dos senhores mais ricos da região.
Um dia apaixonou-se por uma jovem que vivia do outro lado do rio Paiva, no Castelo.
Antigamente as pessoas que tinham muito dinheiro e poder obrigavam as outras a satisfazer os seus desejos, e portanto este homem obrigou a jovem a casar com ele, mesmo contra a sua vontade, pois ela gostava de um rapaz da sua terra. E assim aconteceu: a jovem teve que casar com ele!
Mas no dia do casamento, a jovem estava muito infeliz e desgostosa, e , desesperada, decidiu terminou com a sua vida, matando-se dentro da capela de Escamarão.
Conta a lenda que os pais e os amigos rogaram-lhe uma praga em como ele nunca teria paz nem descanso tanto em vida como depois de morrer.
Para castigo da sua maldade, no dia em que morreu foi sepultado num túmulo de pedra na posição de pé. Ainda hoje se pode ver este túmulo fixado numa parede de uma casa em Escamarão perto da capela.
Ana Isabel